dezembro 14, 2006

SAÚDE O FIM DA QUIMIOTERAPIA

TRATAR O CANCRO DA MAMA

Uma equipa de cientistas descobriu o gene responsável pelo tipo mais difícil de tratar-o cancro lobular.O chefe dos investigadores é brasileiro e já estudou em Portugal.



Jorge Reis-Filho é um homem feliz.Ao fim de quatro anos a investigar o cancro da mama,o brasileiro e a equipa de cientistas com quem trabalha descobriram o gene que pode ajudar a tratar 10% dos cancros da mama - o cancro lobular.Os resultados são muito promissores.Levam-nos a pensar num futuro livre deste tipo de doença.
A descoberta foi feita pela equipa dos cientistas do Centro de Investigação do Cancro da Mama Breakthrough,no Reino Unido,que tem vindo a analisar o genoma do cancro lobular-o mais difícil de combater.
Jorge Reis-Filho, o patologista molecular da equipa,estudou na Escola de Ciências da Saúde da Universidade do Minho e,em 2005,foi investigador associado do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto,que colabora,com o Centro Breakthrough.
O investigador e os colegas descobriram o gene responsável pelo cancro lobular.Chama-se FGFR 1 e existe nas células saudáveis em apenas duas cópias,uma herdada do pai e outra da mãe.É quando se divide em mais cópias que ele provoca a doença.A boa notícia foi publicada,na semana passada,na Revista Clinical Cancer Research.
Depois de detectarem o gene,os cientistas verificaram que ele participava no crescimento da célula do próprio cancro.Procuraram então desligá-lo."Primeiro tentámos inibilo com uma técnica molecular e depois com um inibidor químico.Nas duas situações as células doentes pararam de crescer e acabaram por morrer" explica Jorge Reis-Filho.


A DESCOBERTA PODE LEVAR ao desenvolvimento de medicamentos que ataquem com precisão o gene,sem prejudicar o organismo."Pode-se evitar a queda do cabelo e os problemas intestinais provocados pela quimioterapia.Porque esta actua sobre todas as células que se dividem:doentes e saudáveis". Os cientistas vão agora fazer testes à capacidade de inibição do gene,mas já iniciaram contactos com a Agência Reguladora de Medicamentos e Saúde,o órgão regulador britânico,para realizarem testes clínicos em humanos.Se os resultados forem animadores,os cientistas pensam fazer ensaios clinicos dentro de dois anos."Não podemos falar de uma cura.Mas podemos começar a pensar no cancro como uma doença crónica,que com os medicamentos correctos fica controlada e permite continuar a ter uma vida normal".

Fonte:Revista Sábado