janeiro 04, 2007

POLÍTICA DO CÃO ÚNICO

Uma nova lei chinesa proíbe as famílias de Pequim de terem mais do que um cão.A medida pretende diminuir os casos de raiva e manter a cidade limpa para os Jogos Olímpicos de 2008.A população é incentivada a vigiar os vizinhos e a denunciar quem não estiver a cumprir.

Já não bastava só poderem ter um filho,agora os chineses de Pequim só podem ter um cão.Insólito.A nova lei,aprovada em Novembro,é ainda mais rigorosa:determina que em algumas zonas da cidade o animal não possa ter mais de 35 cms - a altura de 2 garrafas de água pequenas empilhadas.
As autoridades esperam que a polémica medida ajude a diminuir o número de casos de raiva no país.Só entre Janeiro e Agosto de 2006 morreram 1735 pessoas vitimas de doença.Mais de 30% do que no mesmo período do ano anterior.
Num país sobrepovoado como a China,onde vivem 1,4 mil milhões de pessoas,este número de mortos pode parecer pouco relevante.Mas as novas leis caninas,em vigor desde 2003 e actualizadas mensalmente,são também uma forma de atingir outro objectivo:deixar a capital imaculada para receber os Jogos Olímpicos de 2008.
A actuação das autoridades não se fez esperar.No dia seguinte à publicação do novo decreto lei,milhares de polícias bateram à porta dos donos dos cães e o pânico espalhou-se pela cidade.Ainda ninguém se esqueceu da matança deste ano:entre Abril e Julho foram mortos quase 55 mil cães na província de Yunnan,muitos deles à paulada,no meio da rua e em frente dos donos,na sequência de várias mortes por raiva.
Em Pequim garantem as autoridades,não acontecerá nada disto.A polícia diz que as visitas servem apenas para esclarecer os donos quanto à necessidade de registar e vacinar os animais.E,claro,para garantir que cada família tenha apenas um cão.Quem exceder este número terá de escolher com qual quer ficar,sabendo que os rejeitados serão enviados para a província do interior rumo a um destino incerto.Para os ajudar a alcançar o objectivo,as autoridades pediram aos habitantes para vigiarem os vizinhos e denunciarem quem tiver cães ilegais.
No entanto,a nova política provocou várias manifestações na capital chinesa.As autoridades foram ainda inundadas com correspondência de associações defensoras dos direitos dos animais e de pessoas anónimas que estão contra a matança.Além disso,os donos das lojas de animais também não estão contentes com a medida.Em Pequim há 300 dedicadas à organização de festas de aniversário,serviços de cabeleireiro e confecção de roupa para cães.

Depois de terem estado em risco de extinção durante a Revolução Cultural,sobretudo nas décadas de 60 e 70,em que eram vistos como símbolos indesejados da burguesia e como concorrentes na escassa comida,os cães tornaram-se a nova coqueluche da classe média,que adora passeá-los pela trela.
Em Pequim,onde vivem 11 milhões de pessoas,há cerca de um milhão de cães e apenas metade estão registados.Polémicas à parte,os chineses têm uma relação ancestral com estes animais.O país é a pátria de algumas raças nobres.É o caso dos minusculos pug e pequinês,do enrugado shar pei e do peludo chow-chow.Os chineses são ainda conhecidos por apreciarem carne de cão.Mas,garantem os especialistas,as raças usadas na culinária são criadas apenas para esse fim e só se comem nalgumas regiões.

Fonte:Revista Sábado

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