dezembro 21, 2006

AS CÉLULAS DÃO PARA TUDO

Os médicos de um hospital de Xangai conseguiram reparar lesões cerebrais de uma mulher com os restos de tecidos que estavam no pauzinho que ela tinha espetado na cabeça.Um acidente doméstico deu origem a uma descoberta extraordinária que pode revolucionar os tratamentos de Alzheimer,Parkinson e outras doenças.

Um pauzinho.Foi por causa de um pauzinho que o médico chinês ZhuJianhong,cirurgião no Hospital Huashan,em Xangai,na China,descobriu que há células estaminais no cérebro e que podem ser usadas para tratar lesões cerebrais.As células estaminais são aquelas que se transformam em qualquer tipo de células do organismo e que podem curar doenças como a de Alzheimer.
Até há pouco tempo,pensava-se que este tipo de células só existiam nos embriões,o que quase bloqueou a investigação em países como os Estados Unidos já que a recolha destas células implicava a morte do embrião.Mas os cientistas estão a tentar descobri-las noutras partes do organismo.E,por acaso,Zhu Jianhong encontrou-as no cérebro.A descoberta foi revelada na revista The New England Journal of Medicine e surpreendeu a comunidade científica.
Quando,no ano passado,uma mulher entrou no serviço de urgências do Hospital Huasan com um pauzinho chinês espetado num olho,ninguém se espantou.Em Xangai,certas discussões acabam com batalhas de pauzinhos,transformados em facas.Mas mal o médico Zhu Jianhong retirou o pauzinho reparou que parte do tecido cerebral vinha agarrado e o médico decidiu cultivá-lo em laboratório.Depois de tratar as células individualmente,verificou que algumas se dividiam e contabilizou que 4% eram estaminais.Animado,pôs-se a recolher amostras nos doentes que lhe apareciam com perfurações no cérebro.

Queria saber se essas células conseguiam reparar as lesões cerebrais,depois de transplantadas.E conseguiu 16 amostras.
Primeiro,Zhu Jianhong usou-as em ratos saudáveis.Após neutralizar o sistema imunitário dos animais,injectou-lhes as células estaminais nos cérebros e viu que elas de transformavam em diferentes células.Depois injectou-as em ratos com cérebros danificados.Tingiu as células e verificou que viajavam até a parte danificada,reparando-a.Estava a um passo do êxito.
COMO MEDIDA de segurança,os testes seguintes foram feitos em macacos e só depois em humanos.Foram injectadas células estaminais em 8 pacientes a quem tinham sido retiradas amostras.Depois,um grupo de cientistas que não sabia da experiência usou testes de comportamento para avaliar os doentes tratados e um grupo de pessoas com o mesmo tipo de lesão.A conclusão foi uma vitória:os pacientes de Jianhong revelaram menos deficiências.E tudo por causa de um pauzinho chinês.

O estudo sobre as células estaminais de Zhu Jianhong é apenas uma amostra da revolução científica que está a decorrer na china.O Governo está a investir em áreas que vão da biotecnologia á investigação espacialSegundo um relatório da Universidade de Rice,no Estados Unidos,em 2010,cerca de 90% dos cientistas de todo o mundo estarão na Ásia.E a maior parte será mesmo de nacionalidade chinesa.

Fonte: Revista Sábado

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